Escrever. Lapidar palavras. Garimpar sentimentos. Escrever e escrever. Como se a escrita modelasse sentimentos e emoções, como quem faz uma escultura, modelando um vaso de ceramica, enquanto as sensações se perdem no fazer, é assim que quero escrever.
Escrever, como quem não sabe porque, mas tem certeza absoluta de tudo que escreve.
Palavras ao vento, no tufão de sentimentos busco agarrar algumas letras para não perder meus sonhos. Mas hoje sinto que os perdi, e nem me dei conta. Perdi naquela esquina, naquela esquina entre o que eu acreditava e o que existia. E agora me pergunto, se alguma palavra poderia ter sido dita pra que os meus sonhos não fossem perdidos.
Não. Acho que não. Disse tudo que sentia. Apresentei as palavras, falei das palavras, palavras escritas, palavras ditas no olhar, palavras subjetivas e outras tão claras... foram todas entregues. E jogadas ao vento. Vento que tanto acreditei ser capaz de nos levar pra frente, como o vento guiando uma jangada... que eu não percebi que estava ancorada - ou não quis acreditar.
Lembrei então daquela frase: "existem pessoas na nossa vida que são como ventos a nos levar a alto mar, enquanto outras são como âncoras nos impedindo de seguir". Senti pena de você. Pena de sua covardia diante das escolhas. Senti raiva, raiva de mim por ter acreditado que você iria enxergar. Enxergar a diferença entre uma gargalhada e um riso. Entre um amor e o amor. Entre viver e sobreviver. Mas que diferença existe? São palavras, como todas.
Como a música apenas diz, e diz tudo: "Palavras apenas, palavras pequenas".. Mas hei, essa música talvez seja melhor nem lembrar, pois diz tudo que eu queria, e tudo que não é mais... - "Ando por aí querendo te encontrar, em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança, em seu lugar. Que o nosso amor pra sempre viva, minha dádiva. Quero poder jurar que essa paixão jamais será... Palavras apenas. Palavras pequenas. Palavras momento. Palavras, palavras. Palavras, palavras. Palavras, ao vento"
É... e a melodia se perde, na certeza de que palavras são expressões muito pequenas de sentimentos tão grandes. Agora, das palavras, quero apenas conjugar o verbo: findar. E dizer que acabou.
Quando você jogou ao vento tudo que disse - como sempre fez-, minhas palavras voaram e eu as perdi, e perdi o tesão em apostar em você. Perdi a vontade de ler seu olhar. Perdi aquela paixão que me fazia pensar em te dizer algumas palavras as quatro da manhã. Perdi. Perdi o homem na cegueira do menino. Perdi o menino, na escolha daquele homem. Perdemos os dois, perdemos tanta coisa... Só aos poucos iremos descobrir tudo que foi perdido, e assim será melhor. Não nos daremos conta de que perdemos tudo que havia de valioso. E eu, eu só quero encontrar uma palavra que possa reumir tudo que vivi com você, por equanto, essa palavra é : VALEU.
Valeu por tudo que me engrandeceu. Valeu por mim, por eu ter vivido o que tive vontade de viver. Valeu por ter amado, por ter arriscado, por ter acreditado. Valeu porque me tornei melhor. Valeu porque aprendi. Valeu porque amei. Valeu....
Rafaela Zakarewicz
Em, 29/11/2004
Um comentário:
Eu já vivi isso... sei exatamente do que se trata! Apostar, apostar, apostar e sempre acreditar que o melhor ainda virá! Quem perdeu? Tenho certeza de que não foi você, pois toda experiência é válida. Ainda que doa! Tudo passa... e depois que passa? A gente vê que é tarde! Perdeu a graça! Graça = favor que não merecemos. Chega de fazer caridade! Perdeu, perdeu! Beijos. Flavinha Aleixo.
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