Resgatando palavras antigas.... vou deixar aqui um texto que escrevi a quatro anos atrás, e que resolvi colocar agora, em homenagem a uma grande amiga, Camilinha!
Não sou mais tão mau-humorada como era em 2002, mas é sempre divertido ler! :)
Sou assim
Ultimamente não tenho sido simpática com a vida. Confesso que não me importo nem um pouco com as caras amarradas que encontro na rua, com os colegas irritados ou não, com a falta de harmonia e consideração alheia, e não me afeta pensar nos amigos que não falo mais.
Admito também não estar ligando a mínima pra intolerância dos outros - a minha certamente tem sido bem maior, e isso não tem feito diferença alguma.
Não... Não estou amargurada nem revoltada, mas sinceramente, ser boazinha e caridosa não me ajudou nem um pouco nos últimos meses. Não evitei que me aprontassem armadilhas; não deixei de ser mal quista por não ter bom humor todos os dias; não consegui conter os maus pensamentos daqueles que nem me conhecem e teimam e me querer mal... Ah! Também não consegui fazer meus desafetos entenderem que, independentemente deles, eu sou alegre e triste, e por isso não estou nem um pouco interessada no sentimento que por mim eles possam ter.
Talvez um dia eu acorde com um bom humor danado, leia tudo isso e pense : "nossa, que mau-humor!" É, pode ser que isso aconteça de fato. Mas hoje, escrevendo tudo isso, só consigo perceber que estou como sempre estive: um tanto realista e cruel com as palavras.
Essa análise toda deve ser culpa da minha inquietude. Ultimamente tenho me visto mais na minha do que de costume, mais cheia de desafetos e conversas atropeladas, mais descrente talvez.... e o pior é que não tenho me importado com as conseqüências, muito pelo contrário, tenho curtido ficar na minha. Tenho achado ótimo não aguentar malucos me alugando por besteiras... Tenho vibrado por não ser mais pára-raios de frustrações de esposas malucas, desocupadas e inseguras... Me alegro por não ter mais a obrigação de dar bom dia pra pessoas que acham que isso é prova de consideração.
Nossa!! Como estou mais feliz por não ter que agüentar paranóia dos outros! Meu Deus, como é bom me ocupar apenas das minhas ! !
Eu de fato sempre fui meio rebelde mesmo, nunca pretendi que alguém gostasse de mim, não foi pra isso que vim ao mundo, e apenas queria que as pessoas entendessem isso.
Por que será que os seres humanos insistem tanto em ter por ter, ser por ser, querer por querer? Será tão difícil ser porque se deseja ser assim? Ter por querer de fato possuir? Querer por um propósito?!
Ser amigo só pra constar numa lista ? Ter amigos pra falar mal? Querer amigos pra satisfazer caprichos? Isso é amizade? Eu sinceramente não acredito.
Sabe, existem momentos em que a gente se chateia com todo mundo, são momentos em que falar sozinho é a melhor saída, porque até nós iremos nos maldizer. Nesses momentos penso que não exista coisa mais insuportável do que as pessoas não aceitarem que simplesmente não estamos em um bom dia. Que aquele é nosso dia de não gostar da nossa cara no espelho, de achar o sal salgado e o açúcar enjoado. Sei lá... aquele dia em que o limão não é mais azedo que a gente, que o velho ranzinza é a nossa personificação e o chefe mau-humorado é lenda.
E não venha me dizer que você nunca teve vontade de mandar um amigo pro inferno num dia desse, ou simplesmente dizer, não tão educadamente - "Me deixa em paz por favor!"
Bom, se não o fez, parabéns - ou meus pêsames, sabe-se lá a quantas anda seu nível de irritação acumulada....
Já eu, adoto meu velho e bom uniforme de "estúpida", fico na minha ou distribuo patadas (quando não me deixam na minha). Não que eu ache isso bonito ou legal, só que pra mim, para ocasiões como essa, não inventaram palavra mais medíocre que "desculpas". Afinal, sendo eu um ser pensante e dotado de inteligência mínima, sou capaz de perceber que qualquer coisa que se diga afetará alguém, e dizer desculpas não alivia nada além da minha própria consciência.
Acredito que todo e qualquer ataque de nervos é perdoável, desde que se esteja em um péssimo dia.
Ah, para aqueles que vivem, permanentemente, em um dia péssimo, pare para avaliar se o problema não é você... Porque não há cristão, nem bom samaritano, que suporte um mau dia todos os dias ....
Rafaela Zakarewicz
Junho/2002